The Last of Us Temporada 2: Como a Série Pode Corrigir o Erro Mais Problemático do Jogo e Fortalecer a Representatividade Queer

The Last of Us Temporada 2 Tem a Chance de Consertar uma Cena Polêmica do Jogo — E Reforçar a Representação Queer
A segunda temporada de The Last of Us estreou no dia 13 de abril, trazendo de volta a intensidade emocional e os dilemas morais que cativaram fãs ao redor do mundo. Enquanto a adaptação da HBO mantém a essência queer do jogo original, há uma oportunidade única de aprimorar uma cena que, para muitos, falhou em construir coerência narrativa. Escrito originalmente por Stacey Henley no The Gamer e traduzido por Rodrigo “VagaNerd”, este artigo explora como a série pode corrigir uma contradição crucial envolvendo Ellie e Dina — e fortalecer a representação LGBTQIA+.
A Queeridade em The Last of Us Part 2: Um Legado de Luz e Sombra
The Last of Us Part 2 é um jogo profundamente queer. Ellie, protagonista lésbica, protege sua namorada bissexual Dina durante uma jornada repleta de perigos, enquanto Abby, a coprotagonista, forma uma família escolhida com Lev, um garoto trans rejeitado por uma seita religiosa. A série manteve essa representatividade até agora: Ellie e Dina seguem em um relacionamento explícito, com cenas de afeto como o beijo no episódio de estreia. No entanto, uma cena específica do jogo — a descoberta de uma livraria queer em Seattle — revela uma falha na construção de mundo que a série pode (e deve) corrigir.

A Cena Problemática: Por Que Ellie e Dina Não Reconhecem um Espaço Queer?
No jogo, durante a exploração de Seattle, Ellie e Dina encontram uma livraria com bandeiras e livros com temática LGBTQIA+. A dupla, no entanto, não reconhece o simbolismo do local, surpreendendo-se com capas de romances lésbicos. Essa ignorância é incoerente, Ellie cresceu em uma comunidade (Jackson) conectada à cultura pop do passado: Joel toca Pearl Jam, lembra de Jurassic Park, e a propria Ellie pesquisa figuras históricas como Yuri Gagarin. Além disso, Ellie já teve um relacionamento com Riley antes de Dina, e Joel teve amigos gays como Bill e Frank. Como elas nunca ouviram falar de espaços ou símbolos queer?
A cena, embora tocante para muitos jogadores, parece desconectada do mundo estabelecido. A série, ao adaptar esse momento, pode torná-lo mais orgânico. Ellie e Dina já sabem quem são — a série deve mostrar que elas também conhecem sua história.

Seattle – Dia 1: O Desafio de Adaptar a Exploração para a TV
A primeira seção exploratória de Seattle no jogo é crucial para desenvolver o vínculo entre Ellie e Dina. É ali que vemos a cumplicidade delas, como na cena da sinagoga (que pode ser cortada na série, devido a ajustes no personagem de Dina). Adaptar essa parte para a TV exigirá equilíbrio: reduzir a busca por itens e focar nos momentos narrativos. Porém, a visita à livraria queer precisa permanecer — e ser reinventada.
A Solução Proposta: Reconhecer o Passado, Honrar o Presente
A série pode manter a magia da descoberta sem ignorar a realidade do mundo. Ellie e Dina poderiam, por exemplo, reconhecer a bandeira do orgulho LGBTQIA+ como um símbolo histórico (assim como Ellie entende referências espaciais no museu), mas vivenciar a emoção de encontrar um espaço dedicado à sua comunidade pela primeira vez. Isso preservaria a inocência da cena, mas a enraizaria na coerência: elas sabem que existiram espaços queer, mas nunca tiveram a chance de explorá-los em um mundo pós-apocalíptico.
Por Que Isso Importa? Representatividade com Profundidade
The Last of Us sempre mostrou que não há finais felizes, apenas sobrevivência. A homofobia em Jackson (como o insulto direcionado a Ellie e Dina) prova que o preconceito persiste mesmo após o colapso da sociedade. Contudo, apagar a história queer do passado enfraquece a narrativa. Ellie e Dina merecem saber que sua identidade faz parte de uma luta maior — e que espaços como a livraria são um legado de resistência, não uma curiosidade aleatória.
Expectativas para a Temporada 2: Uma Correção Necessária
A série tem a chance de aprofundar o que o jogo apenas esboçou. Ao ajustar a cena da livraria, reforçando que Ellie e Dina entendem o significado daquele espaço, a produção não só corrige uma inconsistência, mas celebra a resiliência queer. Em um mundo onde Joel ataca homofóbicos para proteger Ellie, faz sentido que ela carregue o conhecimento de que sua comunidade sempre existiu — e persistirá, mesmo entre escombros.
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